Arranca o projeto ibérico “Novas Sociedades Longevas”
O Conselho Económico e Social (CES), o Instituto Politécnico de Bragança e a Fundação Geral da Universidade de Salamanca iniciaram, esta segunda-feira, os trabalhos para a realização de uma investigação inédita sobre “Novas Sociedades Longevas: o espaço transfronteiriço diante do seu futuro”, depois de terem conseguido financiamento comunitário para desenvolver o projeto que decorre até 2026 e conta com o apoio do Conselho Económico e Social de Espanha.
Trata-se do primeiro estudo a abranger toda a península ibérica dedicado ao enorme desafio de transformação que a longevidade coloca às sociedades nas suas diferentes dimensões: organização do mercado de trabalho, sistemas de pensões, cuidados de saúde, qualificações ao longo da vida, adaptação às transformações digitais, idadismo, organização da vida familiar, entre outras. Entre todas as perspetivas a ser analisadas, o CES terá responsabilidade na coordenação das investigações nas áreas da Economia do Cuidado – e tudo o que ela engloba – e das razões que levam a uma disparidade tão flagrante relativamente aos países nórdicos no que toca aos anos com qualidade de vida dos cidadãos. O valor global do projeto ultrapassa os 2,7 milhões de euros, dos quais 500 mil euros a serem executados pelo CES.
A candidatura, através do Acordo-Quadro de Colaboração estabelecido entre as três entidades, visou impulsionar o trabalho que o Centro Internacional para o Envelhecimento (CENIE) tem vindo a realizar desde há anos face ao desafio da longevidade. A iniciativa de colaboração hispano-portuguesa promovida pela Fundação Geral da Universidade de Salamanca tem como principal objetivo envolver a sociedade nas oportunidades e desafios do que a Organização Mundial de Saúde (OMS) define como um dos fenómenos mais transformadores – e revitalizantes – das sociedades modernas.
A esperança de vida tem vindo a subir desde 1950. Em apenas 60 anos, desde 1950, a esperança média de vida da população mundial a nível global aumentou 20 anos, permitindo alcançar uma média de 66 anos por cada habitante do planeta. Esta tendência continuará a aumentar nos próximos anos, com a previsão de que a esperança de vida média mundial aumente mais 10 anos na década atual. Estes dados assumem particular relevância no contexto ibérico, uma vez que Portugal e Espanha fazem parte do grupo de países com populações mais longevas, com aumentos registados consecutivamente nos últimos anos. Em 2021, as pessoas com mais de 65 anos representavam 22,4% e 19,8% respetivamente em cada um destes dois países. E até 2050, para o conjunto dos dois países, prevê-se que a percentagem aumente para limiares superiores a 32%. Neste contexto, a Fundação Geral da Universidade de Salamanca, através do Centro Internacional para o Envelhecimento (CENIE), tem vindo a desenvolver um trabalho constante, promovendo quadros contínuos de colaboração que consolidam e reforçam as suas diversas atuações.
O aumento da esperança média de vida – traduzida na extensão da longevidade – é uma das conquistas mais extraordinárias das sociedades, mas implica uma verdadeira mudança de paradigma, exigindo novos conceitos e conhecimentos, novas investigações e novas formas de experimentação, que permitam que o prolongamento temporal da vida seja acompanhado de qualidade de vida, com igualdade de oportunidades para todos, com o propósito de construir uma sociedade mais participativa, mais aberta, mais inclusiva e mais sustentável.