Presidente do CES considera que “a desigualdade é o maior desafio que se coloca à longevidade”

O Presidente do Conselho Económico e Social (CES), Luís Pais Antunes, defende que “se não conseguirmos resolver o binómio ‘anos de vida’ vs ‘anos de vida saudável’ teremos um problema gigante”, salientando que “a longevidade será, provavelmente, a maior e mais silenciosa revolução das sociedades modernas”.

Na abertura do encontro “Sociedades Longevas: Impactos e Oportunidades Sociais”, no Teatro Thalia, em Lisboa, o Presidente do CES apontou quatro palavras-chave que emergem dessa revolução: mito, dilema, desafio e oportunidade.

Para Luís Pais Antunes, existem muitos mitos relativos a este tema que os relacionam com os mais velhos, mas, na verdade, “os desafios da longevidade têm a ver com os jovens e com os jovens adultos, que serão os idosos daqui a uns anos”. Já o dilema, adiantou o Presidente do CES, prende-se com “o facto de o modelo de organização de vida atual estar completamente ultrapassado, uma vez que podemos ter tantos ou mais anos de reforma do que de trabalho”. “Quem nasce hoje tem mais de 50% de probabilidades de chegar aos 90 anos”, acrescentou, sustentando que isso implica “uma mudança radical do nosso estilo de vida”.

“O maior desafio que esta transição vai trazer é o da desigualdade”, asseverou, de seguida, Luís Pais Antunes, referindo o terceiro conceito-chave que relaciona com a longevidade. “Tudo aponta para uma maior estratificação da sociedade, com grandes camadas da população a viver em más condições e sem terem preparado o seu final de vida”, sublinhou.

Numa breve intervenção, o Presidente do CES afirmou que “não há balas de prata ou soluções mágicas” para dar resposta a estas mudanças, mas apontou como principais oportunidades as existentes nos setores da saúde e da educação, “passando a ter um sistema de saúde voltado para a prevenção e um sistema educativo com respostas ao nível das diferentes fases de vida”.