

Presidente do CES defende que “as sucessivas vagas da revolução tecnológica nos trarão muitos novos empregos”
O Presidente do Conselho Económico e Social (CES), Luís Pais Antunes, defendeu, esta quarta-feira, em Lisboa, que “Portugal não deve temer o impacto das diferentes revoluções tecnológicas”, em particular no mercado de emprego. “Não tenho dúvida de que as sucessivas vagas da revolução tecnológica nos trarão muitos novos empregos, ainda que exijam uma formação contínua”, referiu o Presidente do CES, no encerramento da Conferência Anual do Trabalho, promovida pelo jornal ECO.
Para Luís Pais Antunes, apesar dos inúmeros desafios e “dos ciclos de evolução cada vez mais curtos”, o mercado tem sabido adaptar-se. “O mundo mudou imenso nos últimos 25 anos e, se formos comparar os dados do emprego entre 1998 e 2023, verificamos que o volume total de emprego é quase o mesmo, com uma diferença de 30 mil, apesar das mudanças verificadas”, afirmou.
Numa breve intervenção, o Presidente do CES considerou que Portugal vive uma espécie de “tempestade perfeita, com salários baixos e uma fiscalidade demasiado elevada”. “Vivemos muito agarrados à ideia do ‘small is beautiful’ e tratamos mal as grandes empresas, o que contraria as nossas necessidades em termos de desenvolvimento económico e social”, asseverou, sustentando que uma economia precisa de empresas maiores. “Penalizamos do ponto de vista tributário as grandes empresas quando o nosso caminho deveria ser ajudar crescer as pequenas e médias empresas”, disse.
Lançando um olhar sobre o futuro, o Presidente do CES abordou, de seguida, o que apelida de “mais profunda e silenciosa revolução dos nossos tempos”: o desafio da longevidade. “Vivemos cada vez mais tempo com cada vez mais saúde e vamos ter uma sociedade significativamente diferente daqui a muito pouco tempo”, garantiu, salientando que “terão de ser feitas alterações para acomodar a nova realidade demográfica”, incluindo no mercado de trabalho. “E isso também diz respeito à forma como vamos dar conta da inserção dos mais velhos para darem um contributo mais ativo à sociedade”, acrescentou, lembrando que a longevidade é um tema em relação ao qual o CES está a dar um contributo ativamente, em parceria com a Universidade de Salamanca. “Temos de pensar no cenário a 10, 20 ou 30 anos e não apenas no imediato”, concluiu Luís Pais Antunes, dizendo ser possível “ver mais longe sem perder de vista os problemas atuais”.
Fotografia Henrique Casinhas /ECO